quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Coisas de minha infância

 

    Quando era pequena, e ainda hoje, tenho uma imaginação muito fértil.
    Nossa casa era de madeira e o banheiro, de alvenaria, era separado da casa.
    Ao ir tomar banho brincava com o registro do chuveiro, imaginado que fosse um grande navio e eu, claro, estava no controle.
    Colocava-me bem na frente do leme (registro) e dizia:
    - 90 GRAUS A BOMBORDO!
    Girava o leme bem rápido e imediatamente começava a cair água.
    Eu falava novamente:
    - CAPITÃO, O NAVIO TÁ ALAGANDO!
    Saiba que a palavra “alagar”, aqui no acre, é utilizada quando a canoa ou batelão está enchendo de água.
    E eu mesma respondia:
    - 45 GRAUS A ESTIBORDO!
    Lembrando que essas palavras eu tirei do filme Viagem ao Fundo do Mar, que eu assistira umas duas vezes, na TV da minha vizinha, olhando pela brecha da minha casa, porque na minha casa não tinha televisão. Mas essa já é outra história.
    Bem, voltemos ao banheiro.
    Essa brincadeira durava horas até que minha mamãe gritava:
    - Menina, o que é que tu faz tanto no banheiro? Que banho mais demorado!
    A outra brincadeira era o seguinte:
    O porta toalhas era um cabide em forma de gancho. Eu colocava a toalha em duas voltas, segurava na ponta e brincava de Tarzan pendurado no cipó.
    Vivia com as costas ralada de esfregar na parede! (kkkkkkkkkkk)
    O grande lance de tudo era uma imaginação tecnológica, sem conhecer tecnologia.
    Do lado do banheiro tinha um pé de azeitona, cujos galhos se espalhavam em cima do banheiro. Aliás, as azeitonas eram maravilhosas! Daquelas “entalagato”!
    Antes de tirar a roupa para banhar, olhava todos os cantos pra ver se não tinha nenhuma barata, lagartixa ou qualquer besouro me olhando. Se tivesse eu os espantava.
    Agora, imagina o que passava na minha cabeça:
    “- A tecnologia ta muito avançada! Vai que os japoneses inventaram uma câmera bem pequenininha e colocaram no olho do bicho pra me filmar..."
(kkkkkkkkkkkkk)
    Quem era que ia querer fazer isso?
    Sei lá. A verdade é que sofri muito tempo espantando os bichinhos!
    O fato é que tô falando do final dos anos 70, em que a tecnologia ainda não era tão avançada no Brasil, que dirá no Acre.
    Pelo menos não que eu saiba.

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