quinta-feira, 28 de abril de 2011

Chicletes

Pra uns essa história parecerá nojenta.
Já outros se identificarão com essa prática.
É o seguinte: quando eu era criança morava nos seringais do Acre e, nas campanhas de vacinação, minha mamãe trazia a gente pra rua pra tomar a bendita vacina.
Pense no medo! 
Chegava a expelir urina pela via natural nos atendentes da campanha.
Surgia uma força fenomenal e a turma toda não conseguia me segurar, mas isso é história pra outra postagem.
Bem, quando minha mamãe nos trazia, depois do chororô, comprava chiclete como consolo.
Oh, meu pai! Que delícia era aquela borracha doce que não acabava nunca!
Ficava dura, mas não tinha fim.
A gente voltava pro seringal sempre no final da tarde e, ao chegar, ouvia ela dizer:
-Menina, joga esse chiclete fora e vem jantar.
Jogar fora????????? 
Tá doidé!!
Sabe quando é que eu ia ter outro?
Ha, ha, nem tão cedo!
A gente fingia que jogava, aí escondia na lata de açúcar. Digo lata porque aqui no Acre se guardava açúcar em lata de alumínio, tipo a de Neston, assim o açúcar ficava bem tampado e não dava formiga.
No outro dia...
Eu levantava bem cedinho...
Quebrava o jejum  e...
Corria pra pegar o chiclete, jogava na boca e bebia um gole bem grande de café quente, porque se vocês não sabem o líquido quente amolece o bichim, né?
Uiiii! que coisa boa!
Um dia, minha mamãe descobriu o danado na lata de açucar...
Ai, ai...
Já viu né!
Um sermão daqueles: "isso é imundice, blá, blá, blá..."
Eu não guardei mais o meu chiclete na lata, mas eu subtraia furtivamente um pouco de açúcar, colocava numa vasilha e deixava O Meu Chiclete lá...
Quando já não dava mais pra saboreá-lo eu o jogava fora e ficava esperando...
Esperando...
Esperando o dia de ir a cidade e ganhar outra deliciosa borracha doce.

Nenhum comentário: